A entrada da criança na escola costuma ser um período de adaptação não somente para ela, mas também para seus pais. É muito comum, ou quase uma regra, que a instituição escolar solicite a um dos pais (ou mesmo a ambos) que fique algum tempo com a criança na escola nos primeiros dias ou semanas do novo aluno no colégio. No primeiro dia, a mãe ou o pai ficam mais tempo, podem entrar com o filho na sala de aula  e depois aguardam em ambiente separado para saber como ele está reagindo ao lugar com tantas novidades.

Nos dias seguintes, a depender de como a criança demonstra estar se sentindo, já podem ir permanecendo cada vez menos tempo até que o período de adaptação termine e a criança passe a ficar sem os pais. Esse mesmo processo pode ocorrer não só quando seu filho é introduzido na vida escolar, mas também quando muda de colégio.

Por que a entrada da criança na escola exige uma adaptação para pais e filhos? Ao que será que eles têm de se adaptar? Podemos pensar que a ida da criança para a fase escolar representa uma separação entre eles e é exatamente a essa separação que  terão que se adaptar, uma vez que tal momento comporta, em geral, algum nível de ansiedade para as partes envolvidas.

Não é difícil vermos pais mais angustiados do que os próprios filhos nessas ocasiões. Em meio a esses sentimentos de maior aflição, alguns questionamentos surgem, tais como: Será que meu filho irá gostar da escola? Será que vai chorar? Será que sentirá a minha falta? Irá gostar dos colegas de turma e da professora? Ficará mais doente ao ter contato com outras crianças?

Deixo aqui então alguns aspectos que os pais devem procurar ter em mente nesse período específico. São observações que visam amenizar o sentimento de angústia para pais e filhos. Vejamos a seguir:

  • Em geral, não há como extinguir por completo alguma dose de ansiedade ou expectativa em relação a esse período. Atente para o fato de que usei no parágrafo acima a palavra “amenizar” e não “eliminar”. É importante que os pais saibam disso em relação a si mesmos e a seus filhos. Não há problema em sentir certa ansiedade, está tudo bem e isso faz parte do processo;

     

  • Não compare seu filho com outras crianças. Cada criança reagirá de uma forma, não há um padrão. Portanto, não exija de seu filho um determinado comportamento que é o esperado por você e não por ele;

 

  • Nesse mesmo sentido, a adaptação escolar de seu segundo filho pode ser completamente diferente do processo vivenciado com seu primeiro filho. Lembre-se: seus filhos são indivíduos únicos e diferentes entre si;

 

  • Está com receio de que seu filho adoeça ao entrar na escola? Converse com o pediatra dele. Veja o que é possível de ser feito em termos de prevenção, mas entenda também que há limitações, ou seja, nenhum pai ou mãe conseguirá prevenir todo e qualquer resfriado em seu filho, por exemplo. Não se culpe se a criança adoecer, pois caso isso ocorra, você encontrará a melhor forma de cuidar dela;

 

  • Tendemos a mensurar o tempo de adaptação das crianças de acordo com as nossas próprias concepções temporais. Cada criança se adaptará à escola em seu próprio tempo. Não existe adaptação longa demais e nem muito curta;

 

  • Algumas crianças podem estranhar o novo ambiente e chorar muito (bastante mesmo) nos primeiros dias ou até nas semanas iniciais e isso pode angustiar seus pais. Não se assuste com a reação de seu filho. Procure entender que é um momento novo para ele e o choro é a forma que tem de expressar o que está sentindo. Aos poucos, em seu tempo, contando com calma e paciência dos adultos, ele irá se adaptar ao novo lugar;

 

  • Por último, nunca é demais reforçar: converse com a criança, independentemente da idade dela. Explique a ela que irá encontrar um lugar novo, com pessoas diferentes das quais está habituada. Para a criança que já sabe usar a linguagem, fale que pode pedir ajuda à professora se precisar;

 

  • É importante que você também possa conversar com a professora ou cuidadora da criança para adquirir mais confiança no ambiente e sentir maior segurança em relação ao local que seu filho frequentará diariamente.

 

Até o próximo texto!